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Vivência indígena nas terras do Poti

Jorge Fernandes

Empreendedorismo Sustentável

Visitantes vivenciam hábito indígena do jogo de peteca (Foto: Ney Douglas)

Já pensou em um dia conhecer a história dos índios que nos antecederam, como também seus costumes, modo de vida e um local de preservação ambiental com árvores nativas, afluentes de rios e contato direto com a natureza, sem sair de Natal? Isso é realidade no Sítio Histórico Ecológico Gamboa do Jaguaribe, localizado na Zona Norte da capital e que há pouco mais de um ano recebe centenas de visitantes.

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A história da Gamboa começou em 2004, a partir da aquisição do terreno, localizado em uma zona de proteção ambiental, pelo pesquisador da cultura indígena Iran Torres e sua esposa Railda Melo.

Hábitos indígenas são vivenciados por visitantes (Foto: Ney Douglas)

“Fizemos um trabalho de reflorestamento de manguezal para preservação ambiental, além de desenvolver o estudo da cultura dos nativos da terra, mantendo a tradição e raiz da nossa história. Essa área foi habitada por várias aldeias de índios, segundo o relato de historiadores consagrados como Olavo de Medeiros e Câmara Cascudo, entre elas a Aldeia Velha do índio Poti, o Felipe Camarão, grande personagem da história potiguar na resistência ao domínio holandês”, destacou Railda.

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A área de 5 hectares, com mais de 70 espécies de árvores catalogadas, mais de 15 mamíferos e quase uma centena de aves, foi aberta ao público em abril de 2016 e recebe semanalmente grupos de escolas, pesquisadores da cultura indígena e turistas que buscam experiências com a história dos nossos ancestrais. 

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“Tudo na Gamboa remonta à nossa origem. Aliás, os traços indígenas estão espalhados pela capital potiguar em nome de ruas, bairros, rios e hábitos que se perpetuaram, mas muita gente ainda não sabe ou até mesmo discrimina, porém quando nos visitam passam a valorizar mais”, explicou Diego Akangassú, um dos colaboradores do sítio histórico e ecológico.

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A vivência durante a estadia proporciona a sensação de estar literalmente em uma aldeia, com oca em tamanho real e que será ampliada em 2018, cabanadas, redes, objetos artesanais utilizados em caças e rituais como arco e flecha, petecas, maracás, que podem ser manuseados pelos visitantes.

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“É algo fenomenal que encanta a todos, encravada em uma área histórica e que propicia uma experiência rica de contato com a natureza e cultura dos índios, contemplando nascentes dos rios e vendo onde tudo começou na nossa cidade”, relatou o escoteiro Ilson Monteiro.

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“Nosso objetivo é desenvolver a permacultura de modo sustentável, revivendo a história, conhecendo a língua e como era a época dos índios que foram os primeiros habitantes da nossa terra”, valorizou Akangassú.

Diego Akangasu é um dos membros da Gamboa do Jaguaribe e ressalta a importância da Gamboa  (Foto: Ney Douglas)

Ilson Monteiro, escoteiro que leva grupos à Gamboa  (Foto: Ney Douglas)

Railda Melo, empreendedora que busca ampliar ações no Sítio Histórioco Ecológico (Foto: Ney Douglas)

Atualmente a manutenção da Gamboa é feita com recursos próprios dos membros do coletivo, cerca de 20 pessoas entre estudantes, pesquisadores e ambientalistas, como também dos valores arrecadados em agendamentos de grupos de escolas e turistas e venda de artesanato e livros sobre os índios.

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“Somos a Primeira Reserva Particular de Proteção Natural do estado e nossa meta é ampliar o trabalho desenvolvido no sítio com restaurantes, hospedagens e parcerias mantendo as raízes da preservação ambiental e da cultura”, falou entusiasmada Railda.

A sustentabilidade é um dos alicerces da Gamboa, com banheiros que utilizam métodos naturais de descarte e o não uso de cestas de lixo. “Avisamos a todos que nos visitam que não podem deixar lixo aqui, quem trouxer, leva de volta”, alertou Akanguassú.

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Os visitantes também têm oportunidade de explorar o rio Jaguaribe, principal afluente do Potengi, que corta a capital potiguar, e vivenciar o projeto Cine Oca no segundo sábado de cada mês, aberto a comunidade em geral de forma gratuita. “Assistimos dentro da oca vídeos e documentários sobre a cultura indígena”, contou Railda Melo.

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