top of page

25/05/2015

Energia renovável abre mercado e oportunidades para a economia potiguar

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) lançou a resolução nº 482/2012, permitindo que todo pequeno consumidor possa se tornar um pequeno gerador de energia, tendo micro e mini geração de energia distribuída. Com essa resolução, qualquer consumidor de até 1 megawatt, seja de uma residência, comércio ou indústria, pode gerar a própria energia.

 

Enxergando um mercado em potencial crescimento, dois potiguares resolveram empreender na energia renovável, com foco principal na fotovoltaica – energia solar. Há dois anos, Paulo Morais e Fábio Amaro fundaram a New Energy, sendo a distribuidora da primeira indústria de painéis solares do Brasil, que produz módulo nacionalmente com tecnologia alemã.

Fábio Amaro mostra painéis que podem ser utilizados em indústrias e residências (Foto: Wellington Rocha)

“No início, nós pensávamos que o foco seria residência pela diferença de preço entre energia tipo A e B, mas devido aos aumentos de energia, ela se tornou viável às indústrias”, disse Paulo.

 

A energia diferenciada citada por Fábio se refere à Alta tensão (A) e Baixa tensão (B), como forma de classificar o tipo de consumidor. Quando é alta tensão, o consumidor são as indústrias, que tem um valor cobrado menor, e as residências são de baixa tensão, com um valor maior.

 

Antes de vender o produto para o mercado, os empresários instalaram um sistema no escritório, para ver como funcionaria e ganhar experiência sobre o produto. Em 2014, após dois anos de teste, “começamos a vender com certeza”.

“Fomos o primeiro sistema a dar entrada na Cosern [Companhia Energética do Rio Grande do Norte], como era uma coisa nova, passou 90 dias para aprovar. Hoje temos os parâmetros para vender o produto”, afirmou Fábio.

 

Segundo Paulo, as placas rendem mais de 1% do valor instalado e possui durabilidade de, no mínimo, 25 anos, sendo menos de 1% ao ano. “Em uma cidade com a insolação como Natal a manutenção é quase zero”, acrescentou.

 

O sistema fotovoltaico é composto em 60% por placas solares, 28% os inversores e 12% os acessórios. Para indústria, o sistema custa acima de R$ 350 mil reais, por ter, no mínimo, 50 kw de demanda. Já para residências, o projeto pode chegar aos R$ 120 mil reais, tendo o retorno entre quatro anos e meio a seis anos, mas se houver novos aumentos, reduz o tempo de retorno.

Um entrave que emperra o crescimento do produto no RN, segundo os empresários, é a taxação e a falta de incentivo no âmbito governamental, no caso de placas solares em residências. “A energia gerada é creditada sem imposto. Toda energia paga em imposto à Cosern é R$ 0,52, quando a Cosern credita é 0,34 centavos. O Governo entendeu que a energia deve ser compensada com energia. Então, se eu gerar 100 kW/h, pagarei 0,52 centavos por cada kW. Se eu gero a minha energia era para zerar, mas não, eu pago a diferença de R$ 0,52 para R$ 0,34 de uma energia que eu mesmo gero”, detalhou.

 

No caso das indústrias, que é tipo A, só é autorizado instalar um sistema até o valor da demanda energética. De acordo coma resolução nº 482, determina que a empresa não pode

Painel solar na New Energy converte energia fotovoltaica em energia elétrica que abastece prédio (Foto: Wellington Rocha)

instalar maior capacidade energética do que o valor da demanda contratada,  sem a produção do excedente. A justificativa é a redução do preço de energia, que varia entre R$ 0,27 a R$ 0,32.“A energia fotovoltaica já é uma coisa viável. Se, por exemplo, se instala a energia em um consumidor tipo B, ela rende mais de 1% do valor do investimento”, argumentou.

 

 

ALIADO

Em contrapartida, os empresários encontraram um aliado para disseminar o produto. O Banco do Nordeste financia aqueles que desejam instalar painéis solares, principalmente para pessoa jurídica.

 

O gerente executivo de Desenvolvimento Territorial do BNB, Agnelo Peixoto, destacou que o banco tem uma linha específica de crédito, o Financiamento a Sustentabilidade Ambiental (FNE Verde), voltada a atender as energias renováveis. Além dessa linha, o BNB financia através do micro e pequeno empreendedor.

 

“Dentro da missão do Banco do Nordeste que é promover o desenvolvimento sustentável, foi criado esse programa FNE Verde e atualmente está tendo uma procura muito grande por energias renováveis, devido o custo da energia ter aumentado”, e disparou, “se houver a necessidade do financiamento por energia solar, ou energia eólica, ou outra fonte alternativa limpa de energia, o banco tem todo interesse de financiar”.

 

Como incentivo o Banco do Nordeste oferece até 20 anos para pagamento, com até oito anos de carência, variando da capacidade de pagamento do beneficiado. A taxa de juros é de 8,24% ao ano, e se for pago até o dia do vencimento, o credor tem um bônus de 15%, ficando em 7%, para micro e pequeno empresário; para o grande empresário, a taxa é de 11,18%, com o bônus, totaliza 9,5%.

Agnelo Peixoto afirma que BNB desenvolve linha de financiamento para projetos sustentáveis (Foto: Wellington Rocha)

“Trabalhamos o crédito com sustentabilidade. Levando em conta que a missão do BNB é promover o desenvolvimento sustentável, vemos com bons olhos esse mercado, tornando o mercado competitivo, rendável para as empresas, reduzindo o custo com energia. A energia limpa é uma alternativa para o Nordeste, a mesma coisa com a energia eólica, tem que aproveitar os ventos”, afirmou Peixoto.

 

Os empresários elogiam o trabalho do banco e apontou que outras instituições financeiras devem incentivar o crédito, tanto jurídico como físico. “Isso é um dos absurdos, só um banco ajudando. Se tivéssemos mais incentivos, o consumo de água, fonte de energia atualmente, seria reduzido, ajudando na crise hídrica instaurada. Temos sol o ano inteiro”, reforçou Paulo.

SUCESSO

Mesmo com as dificuldades mercadológicas, Paulo Morais e Fábio Amaro, acreditam que haverá expansão e maior procura por parte dos potiguares. De acordo com os empresários a procura pelo serviço está acima da expectativa. “Ultrapassamos R$ 25 milhões em orçamentos emitidos no mercado, tanto do Rio Grande do Norte como a Paraíba. São indústrias, hotéis, residências”.

 

Para eles, a barreira inicial do novo produto foi vencida. O planejamento é atingir nos próximos três anos, no mínimo, 200 unidades instaladas da micro e mini geração no RN. A Aneel quer chegar a 1 milhão residências ou micro geradores até 2017, conectados e instalados a rede, e em 2024 a produção de energia pela luz do sol será maior do que as usinas nucleares de Angra I e II.

Empresários Fábio Amaro e Paulo Morais passaram da marca de R$ 25 milhões em orçamentos emitidos (Foto: Wellington Rocha)

bottom of page