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25/05/2015

Energia solar ilumina horizontes para superar crise

Os sucessivos aumentos nas taxas de energia caíram como uma bomba no bolso dos brasileiros nos primeiros meses de 2015. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os consumidores industriais e comerciais de médio e grande porte, atendidos pela Cosern em Alta Tensão, terão reajuste, em média, de 14,41%. Já os consumidores em Baixa Tensão da companhia, terão um aumento médio de 9,57%.

 

O aumento na tarifa de energia elétrica não agradou aos industriais potiguares. O presidente do Conselho de Consumidores de Energia Elétrica da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), João Lima, declarou que a taxa “é um absurdo”, prejudicando a indústria potiguar, pelo aumento dos cursos.

 

 “A energia é o terceiro índice nos custos de uma indústria. O aumento era esperado, mas a tarifa é absurda. O Brasil tem umas das energias mais caras do mundo e não pode exportar”, argumentou João Lima.

Para conseguir superar mais esse entrave, o empresário Antônio Jales resolveu implantar painéis solares na sua indústria de sorvete e água mineral, para diminuir os custos da sua produção. A “esperteza” de Antônio vem desde pequeno, quando órfão de pai aos 13 anos e irmão mais velho de seis irmãos, ele assumiu a responsabilidade de ajudar no sustento da família, começando a vender picolé. Antes de completar 18 anos, arrendou uma máquina e comprou uma pequena fábrica do primeiro patrão.

 

Os caminhos de Antônio Jales o levaram para a engenharia, onde se tornou mergulhador profissional na Ster Engenharia por 12 anos. Depois desse período, o empresário voltou para Natal e retomou os negócios com sorvete fundando a SterBom, no Alecrim, com um freezer emprestado e um carrinho de rua.

Antônio Jales enfrentou os colegas que desacreditavam no processo de implantação de placas solares (Foto: Wellington Rocha)

Hoje, com 14 anos de história, a indústria tem estrutura própria e com uma linha diversas de produtos, a Sterbom gera 600 empregos diretos e possui 17 lojas de sorvetes finos, além de quatro mil pontos de venda, frota com 82 veículos, mais de seis mil freezers, além da fábrica de água mineral mais moderna do país e a segunda maior fábrica de casquinhas, produto que é vendido para todo o Brasil. Além do RN, a SterBom atende Pernambuco, Paraíba e Ceará.

 

Com toda a garra, Antônio Jales enfrentou os colegas de profissão que desacreditavam no processo de implantação de placas solares. “Estive em Munique, na Alemanha, e eu observei os painéis nas casas e empresas lá, e pensei que tinha futuro. Eu gosto muito de usar a lógica, um país desenvolvido como a Alemanha, eles não tem o sol que a gente tem aqui e eles instalaram, então aqui dá certo”, comentou.

Na unidade em que foram montados os painéis, a economia estimada é de 40%. (Foto: Wellington Rocha)

Em 2014, o empresário começou a pesquisa por empresas especializadas e sólidas no mercado, e no final do mesmo ano fechou o negócio. Jales explica que a fornecedora produz os painéis com tecnologia americana e os inversores austríacos.

 

Ele detalhou que buscou a energia solar pelo potencial que o Rio Grande do Norte possui e analisava as baixas incidências de chuvas na região, tendo a água como fonte de energia.

 

“Um ‘bocado’ de fatores que fez eu me apressar para tomar essa decisão, eu sei que eu não vou resolver o problema sozinho. Mas se vários pensarem como eu pensei, ajuda o país no momento tão difícil como esse. Não é muito, mas é o primeiro passo”, e acrescentou, “meu consumo de energia é relativamente alto e trabalho com congelado, não posso desligar, ficar sem energia, e ai a gente usa a lógica”.

Nesse primeiro momento, Antônio Jales instalou 0,5 MW e pretende chegar aos 3 MW, “se Deus quiser”. A fase de teste começou em abril e já deu pra sentir que o projeto estimado está correspondendo à expectativa de produção para o consumo, com os equipamentos da fábrica funcionando com energia solar.

 

“A energia solar tem custo beneficio. Na época que eu fiz o projeto, antes desses aumentos na energia, o investimento seria recuperado em sete anos. Porém, teve os aumentos, então o tempo diminui, talvez caia pra seis, cinco anos, se tiver mais aumentos na energia. Não é um investimento barato, mas pela durabilidade do equipamento, uma garantia de 25 anos da placa, que eu tiro em cinco anos, eu imagino que não é o mau negócio”, argumentou. Na unidade que foram montados os painéis, a economia estimada é de 40%.

 

Para monitorar a geração de energia própria, o empreendedor tem um aplicativo no celular que mostra a quantidade de energia gerada, formata gráficos com a hora do pico de energia, e mostra quantas árvores foram plantadas por dia, quanto de carbono deixou de ser emitido, com a geração de energia alternativa.

 

Antônio Jales acredita que a Sterbom foi a primeira indústria que adotou a energia solar e espera que os resultados positivos incentivem outros empresários a implantarem a energia renovável e limpa. “Eu tenho certeza que muitos empresários vão ter que fazer é uma boa alternativa e eu imagino que o Governo, pela necessidade de energia, vai abrir linha de financiamento para estimular e facilitar, porque é uma necessidade”.

Sterbom foi a primeira indústria que adotou a energia solar no RN e espera que os resultados incentivem outros empresários (Foto: Wellington Rocha)

Energia sustentável para a economia e qualidade de vida familiar

Por um “trauma” de infância, o médico potiguar Rodrigo Jerônimo decidiu instalar painéis solares no telhado da casa. Outro motivo para colocar as placas fotovoltaicas foram os sucessivos aumentos das taxas de energia.

 

“Eu sei que o gasto energético é muito alto e está ficando cada vez mais caro. Tenho vizinhos que gastam R$ 300, R$ 800 por mês com a conta de energia e eu estou gastando entre R$ 100 a R$ 150 com a energia gerada pelas placas, porque a produção é alta pela radiação incisiva em Natal. E também tinha um trauma porque meu pai dizia que a gente gastava muito com energia quando criança, e falava que éramos sócios da Cosern”, brincou Rodrigo, sobre os motivos da decisão pela energia sustentável.

Painéis solares geram economia em curto prazo (Foto: Wellington Rocha)

A ideia do médico era fazer uma nova casa que fosse autossuficiente, e dentre os itens, ele determinou que iria colocar energia solar para que no primeiro momento gerasse energia térmica e depois, elétrica. Ele conta que nos primeiros estudos que fez, a energia era cara e inacessível no país. Depois de algum tempo, Rodrigo Jerônimo fez um novo levantamento e constatou o desenvolvimento tecnológico e um custo-benefício vantajoso.

 

“Quando eu fui atrás pela primeira vez, era um valor em torno de R$ 100 mil. Porém, eu fechei o contrato no final de 2013 e gastei cerca de R$ 48 mil, na época. Na minha ótica, se colocasse esse dinheiro em um fundo tradicional, não teria esse retorno que gera em uma economia de energia, sem falar na qualidade de vida”, justificou.

Na residência que é uma das primeiras a adotar a tecnologia sustentável, não há chuveiro elétrico, já que a água é aquecida, a piscina também é aquecida e os ares-condicionados funcionam por mais tempo. Segundo Rodrigo, a energia gerada corresponde ao gasto mensal e através do inversor, ele mede a quantidade de energia gerada em tempo real.

 

“Não tenho excedente, porque eu não comprei placa suficiente para zerar, não sabia qual seria a minha demanda. Se eu produzir mais do que estou usando, que é o caso durante o dia, vai gerar reserva para o consumo a noite”, explicou.

 

Ele fala confiante que está satisfeito com os resultados significativos, tanto na economia como na qualidade de vida e indica a instalação dos painéis solares. “Instalei no primeiro trimestre de 2014 e o impacto é muito significativo. No lado financeiro, economizo mais do que 1% do que se deixasse o dinheiro em qualquer conta, e também na qualidade de vida da minha família”, encerrou.

 

Médico Rodrigo Jerônimo apostou na sustentabilidade e economia (Foto: Wellington Rocha)

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