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A cidade preparou toda uma legislação para crescer organizada, desde o Plano Diretor até o parcelamento de solo; criou uma Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo; Conselho de Urbanismo. A cidade tem capacitado pessoas com ajuda do Sistema S, Senai, Sesi, Senac, Sest/Senat, com ajuda também do Instituto Federal que se instalou, em parceira com a Prefeitura Municipal que investiu R$ 500 mil. O programa Pronatec foi o melhor programa de capacitação de mão de obra da história do Brasil, capacitou mais de três mil pessoas em São Gonçalo do Amarante. Instalamos um polo na Universidade Aberta do Brasil no município, que já tem 650 alunos de graduação e pós-gradução.

 

Criamos o programa Fala Mais que desde 2009 ensina inglês, espanhol e chinês para taxistas, professores, funcionários de bares, restaurantes e para toda a sociedade. Melhoramos os serviços de saúde e educação, porque sem isso não há desenvolvimento.

 

PortalNoar: Teve uma preparação em organizar as finanças com a construção do aeroporto?

 

Não só as finanças, mas a máquina da Prefeitura como um todo. Nós fizemos uma reforma administrativa no inicio do governo, criamos uma Secretaria de Habitação, Saneamento e Regularização Fundiária, a Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo, a Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer, a Fundação Dona Militana para cuidar da cultura. A Secretaria de Tributação modernizou. Sem aumentar a alíquota de nada, nós melhoramos a receita do município, apesar de temos perdido em janeiro de 2010 os royalties que recebíamos, R$ 800 mil por mês e com a lei do ICMS, que foi tirado dos municípios maiores para os menores, São Gonçalo do Amarante perde mais de R$ 120 mil por mês, e mesmo assim conseguimos equilibrar as finanças. Esse ano, estamos investindo mais de R$ 10 milhões em recursos próprios, das contrapartidas do Governo Federal. E o último pilar, é a infraestrutura em mobilidade urbana, juntando recursos federais, próprios e privados, calçamos no conjunto mais de 220 ruas, mas precisamos calçar mais 300; nós não conseguimos ainda recursos para implementar o sistema de esgoto, mas está tudo encaminhado; estamos terminando o plano de desenvolvimento urbanístico estratégico, o Masterplan, onde se prevê as futuras avenidas, a colocação de metrô no futuro, para que a cidade cresça organizada, e esse plano diretor tem que combinar com o Masterplan, com o aeroporto para não ter gargalos no futuro. Nós estamos preparando a cidade e tudo que fazemos é para garantir uma melhor qualidade de vida hoje e para o futuro.

 

PortalNoar: De que forma gerir recursos que aumentaram substancialmente em tão pouco tempo?

 

O crescimento da economia local, uma Secretaria de Tributação eficiente, que planeja e vai buscar o que é da Prefeitura, sem aumentar alíquota, sem exagero, mas com firmeza do que é do município. É um trabalho que se acompanha, não só olhando para a receita própria, mas para atualizar os cadastros e não perder o recolhimento do FPM e ICMS. Então, entre perdas e ganhos, estamos vencendo e quem está ganhando é a população.  O mais caro não são as obras, São Gonçalo do Amarante é canteiro de obra, só a Prefeitura tem, com recursos próprios, mais de 40 obras em execução. Mais de 90% da despesa é com serviços, educação, saúde, limpeza urbana, iluminação pública, esporte, cultura, lazer, e se busca todo dia uma melhor qualidade. Não podemos só cuidar de questão de obras, o mais importante são os serviços prestados ao cidadão que tem que ter qualidade.

 

PortalNoar: Houve uma maior demanda por instalação de novas indústrias, empresas?

 

Uma das indústrias mais expressivas é a da construção civil que está impactando muito. Muitas empresas estão construindo em São Gonçalo do Amarante, em habitação, em infraestrutura. As empresas grandes não investem do dia pra noite, fazem estudos, se informam, e tem muitas empresas fazendo isso. Quando assumi em 2009, fui às conferências mundiais de aeroporto-cidade, que reúne todo o tipo de empresa que investe em aeroporto-cidade, desde rede de hotéis até a empresa de segurança, mas tínhamos limitações, não sabia quando ia ser inaugurado e enquanto não foi privado, não tínhamos com quem dialogar. Depois que houve o leilão histórico, porque foi o primeiro do Brasil, nós acompanhamos de perto e depois da inauguração do aeroporto, as portas realmente se abrem para Rio Grande do Norte para esses investimentos.

 

Houve e há interesse de muitas empresas. Nós estamos acompanhando, não devemos divulgar nome de empresas, porque na hora que for feito, vai ter a eternidade para divulgar, e às vezes não se confirma, se cria aquela expectativa, e depois se frustra e fica como se fosse uma mentira. Nós estamos na véspera de mudança de governo, e isso também faz com que as empresas aguardem o desenrolar das eleições, para vê se continua as regras do jogo ou se haverá mudança na regra do jogo.  Acredito que em janeiro teremos muitas novidades, não sei se novidades para público, mas com certeza no encaminhamento desses novos negócios em vários segmentos, desde produção de energia mais barata a hotéis.

 

PortalNoar: Tem número de quanto esse interesse aumentou antes e depois do aeroporto?

 

Quando assumi a Prefeitura, o grande tema já era o aeroporto. Enquanto o aeroporto não funcionou a conversa era uma, depois que o aeroporto foi inaugurado a conversa é outra, é uma coisa mais concreta. Agora precisa de algumas medidas para que isso deslanche. A primeira delas é a redução do ICMS do querosene da aviação. No novo governo, deve ser uma das primeiras medidas a serem tomadas, porque tanto aumenta o número de voos, como aumenta a receita do Estado, e consequentemente do município. A segunda é um batalhão de polícia e um novo sistema de segurança, que beneficia a população que está aflita com a insegurança e também é uma das primeiras preocupações de quem vem a turismo ou a negócios.

 

PortalNoar: Quanto era a receita anterior ao aeroporto do município e qual o crescimento? Antes e após o leilão e obras?

 

A nossa receita própria era R$ 350 mil por mês em 2009 e hoje é de R$ 2 milhões. A receita geral não cresceu com essa força, porque o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) não cresceu com essa força nem o ICMS. Além do mais, a gente perdeu R$ 800 mil por mês que recebíamos de royalties, se não, nossa situação estava privilegiada.

 

PortalNoar: Qual projeção do PIB para os próximos anos? Acredita em uma crescente?

 

Acredito que vai manter um ritmo um pouco menor, mas acima da China. O crescimento com esses valores normalmente não dura muitos anos seguidos. Acho que vai reduzir alguma coisa, mas se manter muito alto. O maior crescimento dos países grandes é o da China, de 7,5% a 8%, mas se pegar 132% e dividir por cinco, vai dá 23%, é uma avalanche. Não acho que vai manter em um nível desse, mas continuará sendo grande nos próximos 20 anos e nunca menos de 10%.

 

PortalNoar: Há dificuldades para manter esse ritmo de crescimento?

 

As dores de crescimento sempre existem, mas das dores são as melhores, porque dor grande é da recessão, do desemprego, do já teve. Essa dor que eu não quero sentir, nem que o meu município, meu estado, meu país sinta. Não há nenhum sinal que vai ter uma dificuldade maior, o município está deslanchando. O município que cresce o PIB de 132% em cinco anos, enquanto há uma recessão no mundo, a maior crise financeira internacional desde 1929, é isso que muita gente está ignorando. Muita gente ignora e acha que a gente devia está a 10%, 15%, também acho que devia ser mais rápido, mas não é fácil. São Gonçalo do Amarante é uma ilha de prosperidade, um município que cresce com essa força e não há nenhum sinal que vai murchar tão cedo, os projetos e os planos que temos é para os próximos 20 anos e acredito que esses próximos 20 anos tem tudo para continuar crescendo e com qualidade de vida.

 

PortalNoar: Qual o planejamento da cidade a curto, médio e longo prazo?

 

São quatro pilares, melhoria da qualidade dos serviços; toda parte legal moderna; capacitação de pessoal permanente e cada vez mais eficiente; infraestrutura para crescer com qualidade. É o que nós temos trabalhado nesses anos e vamos continuar TRABALHANDO.

 

PortalNoar: Só o aeroporto não é capaz de manter a economia de São Gonçalo do Amarante. Quais outros setores que a prefeitura investe?

 

A cidade tem 304 anos, 303 foi sem o aeroporto. Muitos setores atuam em São Gonçalo do Amarante, tem uma participação industrial muito forte, têxtil, bebidas, é o maior polo de cerâmica do estado, temos extração mineral, produção de camarão em cativeiro, construção civil é muito forte e o comércio tende a aumentar. Somente 34% do PIB do município são gastos lá, eu torço para que o dinheiro que circula em São Gonçalo do Amarante seja gasto em São Gonçalo do Amarante. 2/3 é gasto fora, é preciso que isso melhore, a tendência é essa.

 

PortalNoar: Qual a importância das parceiras com instituições de capacitação para o crescimento de São Gonçalo do Amarante?

 

Importância enorme. Por exemplo, a pessoa é auxiliar de pedreiro, faz um curso de pedreiro nas instituições, terminando o curso, ele está empregado, melhora de vida. Pessoas que não tinham profissão nenhuma, fizeram cursos, ganharam uma profissão para o resto da vida, estão trabalhando, empregados. Agora imagine isso numa quantidade grande, vai mudando o perfil da sociedade local e outros que não acreditavam em nada, se animam.

 

PortalNoar: Quais os setores que foram afetados com a capacitação?

 

Está perto de 200 profissões diferentes. Esse Pronatec é uma benção, um programa que oferece o curso gratuito e uma ajuda para transporte, lanche. Tem uma quantidade de gente muito pobre que não tem como bancar isso, parar de trabalhar e bancar isso, sendo essa uma oportunidade ímpar. O Governo Federal foi muito feliz quando criou esse programa, usa estruturas já existentes, como universidades, os Institutos Federais e o Sistema S, que é uma maravilha, tem qualidade, tem expertise. Para crescer precisa de mão de obra qualificada e eles oferecem desde web designer a pedreiro, uma gama variada de cursos. Tudo isso é melhoria das profissões, dos empregos, da qualidade de vida das pessoas.

 

PortalNoar: Qual a expectativa de movimentação de cargas para escoar a produção econômica?

 

Vejo com muito otimismo, nós estamos na esquina do Brasil, quem vem da Europa é o lugar mais próximo, nós estamos no centro para ao norte e sul. Estamos no ponto estratégico, em pleno Oceano Atlântico, por isso que temos a melhor qualidade do ar do país, temos duas correntes de ar. O aeroporto só pode parar no máximo dois dias em cada cinco anos por questão climática, é o melhor ponto do mundo para um aeroporto.

 

Nós temos um potencial imenso tanto para cargas aéreas como navais, temos rodovias imensas, tem o projeto aprovado para duplicar a BR-304, tem como escoar. Falta ferrovia e o porto, tudo isso só faz aumentar o potencial do aeroporto tanto para carga como para passageiros.

 

O Rio Grande do Norte precisa de um grande porto, é um estado riquíssimo, tem uma economia muito variada, turismo com 400 quilômetros de costa, riquíssimo de minério, de tudo que é qualidade, inclusive minérios industriais para exportação em grande escala, e que deve ser pré-industrializado no estado para agregar valor e gerar empregos.

 

PortalNoar: Como o município pretende se beneficiar da proximidade de distritos industriais, Zona de Processamento de Exportação (ZPE)?

 

Tudo que aumentar na economia, que tenha alto valor agregado, que traga e leve pessoas, beneficia o aeroporto. A ZPE nós torcemos que seja o maior sucesso o mais rápido possível que só trará beneficio para o aeroporto. Prefeito não faz negócio, abre portas, estimula, mas isso depende dos empresários e eles estão aguardando essas eleições para fazer uma série de contatos visando os próximos quatro anos, estabelecendo negócios, o que for necessário, e a Prefeitura aprova. A galinha dos ovos de ouro da economia são as empresas, é a empresa que emprega, que movimenta as riquezas, que gera riquezas e paga imposto. Então cabe ao poder público fomentar para que as empresas cresçam, gerem mais empregos e pague mais imposto, não aumentando as alíquotas, se possível reduzindo. Nós temos reduzido alíquotas e aumentado receitas.

"O aeroporto de São Gonçalo do Amarante é um colosso, não deixa a desejar para nenhum lugar do mundo", disse Jaime Calado (Foto: Wellington Rocha)

Uma ilha de prosperidade. É assim que o prefeito de São Gonçalo do Amarante, Jaime Calado, visualiza o município com a construção e operação do Aeroporto Governador Aluizio Alves. O gestor municipal conversou com o portalnoar.com sobre a preparação e desenvolvimento da cidade com a edificação do terminal de passageiros e cargas.

 

Jaime comentou sobre a preparação que a cidade passou desde o leilão de privatização do aeroporto e as mudanças que os cidadãos de São Gonçalo do Amarante viveram junto com a construção do terminal, na infraestrutura, saúde, educação, mobilidade urbana e capacitação profissional.

 

Assuntos como crescimento econômico, atração de indústrias, planejamento foram alguns dos temas abordados com Jaime Calado. Confira a entrevista na íntegra:

 

PortalNoar: Como o aeroporto impactou direta e indiretamente na economia do município?

 

 

30/10/2014

Crescimento do município após o aeroporto

 

Jaime Calado detalhou a preparação da cidade e as mudanças...

Diretamente, nesses últimos dois anos, o aeroporto empregou de dois a três mil trabalhadores na obra, com o funcionamento empregou, só de São Gonçalo do Amarante, 500 pessoas diretamente nos serviços que são prestados. Indiretamente, vem impactando desde 2009. Em 2008, nós tivemos 54 alvarás de construção de habitação, em 2009, foram 1.172 alvarás, em 2010 passou para 2.209, 2011, com 4.495 e em 2012, foram 5.716 alvarás de construção de habitação. O PIB [Produto Interno Bruto], nos últimos cinco anos, cresceu 132%, um crescimento muito superior ao da China.

O aeroporto de São Gonçalo do Amarante é um colosso, não deixa a desejar para nenhum lugar do mundo, tornou um cartão postal para o Rio Grande do Norte e é o mais moderno do Brasil. Para nós é um orgulho em todos os sentidos, mas as mudanças e os benefícios estão só começando.

 

Porque o que diferencia um aeroporto tradicional para um aeroporto-cidade, é que quando está funcionando completamente como aeroporto-cidade, 2/3 da receita oriunda do aeroporto não são de tarifas de passageiros nem de carga, é do que movimenta internamente. O aeroporto-cidade é construído para ter outras atividades lá dentro, com a melhor infraestrutura de energia, segurança, os melhores equipamentos de comunicação, tem uma população circulando dia e noite, virando um ponto de novos e grandes negócios, deixou de ser um lugar para partida e chegada de passageiros e cargas.

 

PortalNoar: Como a cidade se preparou para esse cenário de crescimento estrutural?

 

A cidade vem se preparando, construindo adutora de 43 quilômetros, trazendo água do rio Maxaranguape, para garantir água de qualidade e quantidade nos próximos 50 anos. 

 

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